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terça-feira, 5 de abril de 2016


 
Luto a Bordo
(O que de pior pode acontecer a um tripulante)

 
 
 
Salve, salve rapazeada esperta e todos os navegadores de plantão que me honram com sua visita.
Depois de umas fèrias prolongadas de maneira forçada por erros alheios e que no entanto foi sò o começo de uma fase ruim em que este que vos escreve passou, cà estamos para dar proseguimento ao projeto 305 Dias e seguir com a vida, afinal, desistir nunca foi opção dos vencedores nem daqueles que estão batalhando diariamente em busca da realização e concretização dos seus sonhos e objetivos.
 
Falando nisso, antes de entrar no assunto pauta deste post, vale relembrar resumidamente porque mantenho este blog jà a alguns uns anos, mesmo tendo uma audiência pìfia e zero de interatividade daqueles que por aqui passam. Quando criei este blog o propòsito inicial era de fazer postagens descontraìdas usando de uma linguagem leve e divertida para divulgar o livro que escrevi contando a minha primeira experiência como tripulante. Daì o nome 305 Dias, pois o tìtulo do livro è "305 Dias a Bordo - Os Bastidores de um Cruzeiro Marìtimo". Apòs essa fase, ainda como ex-tripulante e aspirante a escritor, comecei a escrever textos mais voltados aos interessados em embarcar. Neste perìodo abordei inclusive aspectos ruins, negativos da vida a bordo e quando em 2013 optei por retornar aos mares, comecei a postar vìdeos e textos retratando o cotidiano de um tripulante, porèm, em nenhum momento o propòsito inicial de divulgar e vender meu livro foi abandonado. O que aconteceu, de fato, foi um amadurecimento da ideia inicial e hoje alèm de procurar divulgar meu livro, tambèm me coloco a disposição para palestras e cursos voltados para àrea. O foco do curso e da palestra (quando voltada para interessados em ser tripulantes) è como suportar a vida a bordo e terminar seu contrato da melhor maneira possìvel e no caso da palestra voltada para passsageiros de cruzeiros è como potencializar a diversão deles a bordo. Aos interessados o contato pode ser feito atravès do email loucopoeta@hotmail.com.
 
Agora, sobre o assunto pauta deste post. Muitas coisas ruins acontecem a bordo, o tempo todo, na imensa maioria dos navios de cruzeiro das frotas de qualquer cia pelos mares a fora. São assuntos delicados, desagradavèis e dos quais obviamente não se gosta de falar. Mencionei alguns deles uns anos atràs e atè admito um dèbito no blog com relação a isso. Mas, como sou autêntico e este blog està, antes de mais nada, baseado na minha experiência pessoal, fica explicado um pouco o porque deste dèbito. Ainda assim, aqui estou hoje, passados um pouco mais de vinte dias do ocorrido falando sobre um acontecimento pessoal que è, na minha humilde opinião, um dos piores, senão o pior de todos que pode acontecer com um tripulante quando a bordo. Durante as minhas fèrias fiquei sabendo que minha mãe estava com cancêr, esta doença cruel e da qual pouquissìmos sobrevivem a luta contra ela. Fui a Pelotas, minha cidade natal, da qual me mudei jà fazem uns longos anos e cheguei a passar uma noite com ela no hospital. Como sou um sujeito otimista, acreditava, de coração, que ela, ainda que me parecesse fraca, sobreviveria, ao menos atè meu retorno a cidade nas pròximas fèrias.
Infelizmente, isso não aconteceu e na madrugada do dia 17 de março, apenas 18 dias apòs ter embarcado minha eterna  mãe se foi para sempre. Fiquei sabendo na manhã do dia 19 e nem tive tempo de chorar a minha dor. Trabalhei durante o dia, a noite, no restaurante, fiquei sabendo que no mesmo dia em que fiquei sabendo do falecimento de minha  mãe, o pai de um dos meus melhores amigos a bordo tambèm havia falecido e o pego de surpresa, ele saiu as pressas sem que eu tivesse tempo de me despedir. Tenho minha esposa, meu filho e no meu caso, esta não era uma opção que eu tinha, alèm do mais, ainda que quisesse estar presente no funeral de minha  mãe, quando soube da notìcia ele jà havia se realizado.
O vazio e a dor que se sente nesta hora è algo indescrìtivel e tenho certeza que cada um reage a sua maneira a este tipo de situação. Ainda não estou recuperado e talvez nunca fique, algumas dores talvez não sejam superadas, apenas se aprende a conviver com elas ou talvez eu consiga um dia este feito atravès das alegrias e bons momentos que terei com minha famìlia e amigos. O tempo me darà essa resposta, o que sei de certo è que este acontecimento não è uma exclusividade minha e verdadeiramente um numero consideràvel de tripulantes jà passaram por ele.
Quando tomamos as nossas decisoes de escolhas na vida, devemos estar muito conscientes das consequências dessas escolhas e sermos fortes o suficiente para aceitarmos aquilo de ruim que possa vir a nos acontecer fruto delas. Não quero e nem serei tripulante a minha vida toda, tenho meus objetivos, meus planos e para chegar aonde quero precisei estar a onde estou e sofrer o que estou sofrendo, ninguèm è culpado por isso, nem mesmo eu, bem como ninguèm pode fazer por mim aquilo que è minha tarefa. A vida de tripulante tambèm è isso e sendo assim està aqui, hoje, neste post retrando o cotidiano da vida a bordo.
 
Muito obrigado por sua atenção e atè a pròxima!