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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Lado Negro do Trabalho Em Navios de Cruzeiro - Parte 2


Muito bem amigo(a)s dando sequência a este assunto de suma importância que é manchete deste post, hoje vou falar sobre os casos que são na minha opinião, os mais graves de todos, aqueles em que há óbito de tripulante. Quando lá no inicio da jornada o futuro tripulante começa a sua caminhada, já enfrentando uma série de dificuldades com toda a burocracia e os custos referentes ao processo, uma coisa que nem de longe ele considera é que correrá algum tipo de risco a sua integridade física, ainda mais que possam leva-lo a óbito. Porém, infelizmente, existe sim este risco e ele é muito mais possível do que se imagina.
Um levantamento feito pelos familiares de Camilla Peixoto Bandeira (vítima de assassinato, mas que inicialmente foi considerado suicídio), contabiliza um total de 210 casos de óbitos a bordo de navios de cruzeiro desde 2002 até fevereiro de 2013, faço a ressalva (necessária) que não há no site se estes mesmos óbitos trata-se apenas de tripulantes ou se incluem passageiros. O site a que me refiro foi criado pelos familiares de Camilla  e eles o mantém no ar como forma de preservar sua memória, bem como o de lutar por justiça e não deixar cair no esquecimento o caso dela.
De forma resumida ela foi encontrada morta em sua cabine, na manhã de domingo, 10 de janeiro de 2010. Inicialmente tentou-se classificar o caso como suicídio, mas esta versão não convenceu mesmo os que conheciam Camilla mais a distância. Considerada por todos que a conheciam como uma pessoa de bom coração, guerreira, de personalidade forte, do tipo que nunca se entregava e muito menos desistia da luta por mais árdua que ela pudesse ser, a versão de suicídio chegava mesmo a ser uma ofensa a sua memória.
Não tardou para que contradições e diversas falhas nesta versão inicial de suicídio viesse a tona e aos familiares da Camilla além da eterna saudade, do dor irreparável da perda de forma abrupta, lutar por justiça e para preservar sua memória.
Camilla foi encontrada morta em sua cabine por aquele que era então seu noivo a época, Bruno Souza Bicalho. Foi ele também a principal testemunha do caso. Devido as contradições em que caía com recorrência em cada depoimento que dava ao delegado de Policia Federal em Santos, Sandro Pataro, e das evidências técnicas levantadas pela perícia do caso, passou de testemunha a principal suspeito. Quando o delegado  recebeu os laudos definitivos que afirmaram que Camilla não teria se suicidado e sim sido assassinada, ele enviou uma carta precatória a PF de Divinópolis (MG), cidade onde moraria o rapaz, para que fosse oficialmente  indiciado como acusado. O próximo passo será a conclusão e o encaminhamento do processo ao Ministério Público Federal.
E eu continuarei acompanhando o caso torcendo por justiça.
Há outros casos e os colocarei aos poucos aqui no blog, para que se torne de conhecimento daqueles que desejam torna-se tripulante e para que saibam bem aonde estão entrando. No entanto, volto a frisar aqui, minha ideia não é desestimular ninguém que queira ser tripulante, muito menos, de considerar como verdade absoluta que casos como esse são a maioria e que acontecem o tempo todo. Como já disse em post anterior é necessário que se tenha sensatez e muito cuidado antes de sair por aí alegando que trabalhar em navios de cruzeiros é uma grande roubada e que não vale a pena de forma alguma a experiência. Entendo perfeitamente todos aqueles (e não são poucos) que defendem essa posição, mas na minha humilde opinião cada caso é um caso. Estes que tiveram um desfecho irrefutavelmente trágico eu além de colocar aqui e de fazer a divulgação (a maneira que acredito estar contribuindo com a causa), estou a disposição para ajudar da maneira que puder para que a justiça seja feita. Tanto no caso da Camilla, quanto no caso da Bruna, seus familiares tem travado uma luta injusta por sua natureza, são uns Davi enfrentando, cada qual, o seu gigante Golias, mas tenho como crença que ao final o bem sempre vence e presto minha solidariedade a eles.
Voltarei ao tema com outros casos amigos e amigas, lembrando ainda que também uma série de entrevistas com tripulantes e ex-tripulantes estarei colocando aqui no blog para dar voz aqueles que, assim como eu mesmo, sentiram ou ainda sentem na pele tudo o que acontece a bordo e principalmente para que seja possível além de ampliar o debate ter diversas visões e ampliar nossos horizontes sobre o tema.
Muito obrigado a todos pela sua visita, quem quiser interagir por favor, fique a vontade, estou aqui para o que der e vier e seria ótimo não ter esta sensação de estar falando sozinho. Uma ótima semana, fiquem com Deus e até a próxima!

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