Saudações amigo(a)s que me dão o prazer de sua visita. Conforme eu havia dito no post anterior assisti ao vídeo com a matéria sobre os problemas enfrentados por tripulantes a bordo de navios de cruzeiro, mas que, não raro, tem pouquissíma ou nenhuma divulgação, verdadeiramente com um escasso espaço na mídia, seja ela qual for. E realmente a própria matéria a que me refiro, que foi ao ar no programa Teledomingo, da afilhada da rede Globo no Rio Grande do Sul - RBS, no domingo 08 de setembro deste ano, além de ter apenas seis minutos, teve ainda outras carências e aborda o tema de forma bem superficial, chegando inclusive, ao cometer o absurdo de colocar como uma das fontes um sujeito que esteve a bordo por apenas um dia. Ora, um cara que ficou a bordo apenas um dia (e eu vi muitos casos assim quando estive embarcado) por mais que se queira argumentar o contrário, não tem nem experiência e nem moral para falar a respeito das dificuldades encontradas a bordo. Já os outros dois casos mencionados, ao menos tem sim mais relevância.
Seja o do homem que teve uma lesão ocasionada do seu trabalho a bordo, seja o da Bruna, a menina que está presa a mais de 500 dias por causa de ter sido a pessoa errada na hora errada e acabou presa como traficante, enquanto na verdade tenha sido usada por um tripulante com que se envolveu e que era seu namorado na época (e que inclusive confessou em depoimento, válido e registrado, ter colocado a droga na mochila da moça sem ela saber), o programa abordou de leve esta questão torpe que envolve sim, não se pode negar, o trabalho em navio de cruzeiros.
Houve, por outro lado, um visão bem unilateral e pode-se dar a impressão de que isso é normal a bordo em toda e qualquer companhia, como regra e não como exceção. Ainda que ao final uma tentativa de contraponto tenha sido dada pela apresentadora do programa já com a matéria encerrada, o que posso dizer, aí com a experiência (ainda pouca) de quem cumpriu o seu contrato inteiro, inclusive ficando a bordo mais trinta dias e uma semana, após o término do mesmo, ou seja, tendo ficado 305 dias a bordo, de uma das companhias italianas que é alvo de reclamação por muitos tripulantes (sempre os brasileiros, é importante que se faça essa ressalva), é que isto acontece é verdade, mas que é preciso ter muita serenidade e sobriedade na hora de se fazer uma avaliação sobre o tema.
Eu considero e incentivo a ideia de se criar uma associação de familiares e de ex-tripulantes que tiveram graves problemas a bordo, que esta mesma associação brigue e busque os direitos que tem. Muita coisa, sem dúvida nenhuma, precisa mudar com relação aos direitos dos tripulantes dos navios de cruzeiro, e isto é fato irrefutável, não se pode negar. No entanto há sim, muitas companhias que vale a pena trabalhar e o trabalho em navio de cruzeiro e ímpar, completamente diferente de tudo que se tenha fora do navio. É sim uma experiência que enriquece a pessoa, não financeiramente, embora os salários em sua maioria são bem melhores dos que se paga aqui no Brasil e diferente do que se tenta passar na matéria, são sim atrativos, não faltarão exemplos de tripulantes brasileiros que juntaram uma boa quantia e melhoraram sua condição de vida graças ao trabalho a bordo, mas sobretudo aquele tipo de riqueza, de experiência pessoal que não tem preço. Todos os lugares que se passa (eu durante meu contrato visitei mais de 50 cidades, em pelo menos 15 países diferentes, em vários continentes) oferecem uma oportunidade única, o convívio com o enorme número de nacionalidades, com suas culturas, seus hábitos é outra coisa que você mesmo que fique em apenas um contrato levará consigo pelo resto da vida.
Para encerrar gente, não se pode tapar o sol com a peneira e achar que tudo é umas mil maravilhas, mas que o trabalho é muito árduo, ao menos, pela agência em que eu embarquei, foi muito bem ressaltado, até mesmo com uma boa insistência diga-se de passagem, antes do embarque e isto ajuda a entrar lá sabendo de antemão que a coisa não vai ser fácil, no entanto é algo, ao final, bem possível de ser superado e ousaria dizer que até dá sim para gostar da experiência e quem sabe chegar a repeti-la.
Minha solidariedade com a Bruna e com seus familiares, estou na torcida para que ela seja libertada, o anúncio de sua sentença ainda não saiu. Ela negou a oferta de acordo oferecida e eu considero que ela fez certo, uma pessoa inocente não pode mesmo querer acertar um acordo e confessar um crime que não cometeu para ter a pena diminuída, mesmo que corra o risco, no final do julgamento de ser injustiçada e ter que acabar cumprindo toda a pena imposta. Se bem que injustiçada essa menina já está sendo, uma prisão "preventiva" de mais de 500 dias é algo inadmissível, principalmente, levando-se em contas todos os fatores do caso dela. Agora o fato da justiça espanhola estar sendo tão rigorosa, só nos leva a conclusão de que a coisa é puro preconceito com nós brasileiros. Vale lembrar que houve não muito tempo atrás episódios no mesmo país em que os brasileiros, mesmo sem motivo nenhum para isso, eram impedidos de entrar naquele país quando lá chegavam para uma visita, fosse como turista, fosse para visitar um familiar ou amigo, ou mesmo a negócio.
Bem pessoal era isso, espero que não tenham me interpretado mal quando falo que o trabalho em navios de cruzeiro tem seu lado positivo e que todas as coisas ruins que ocorrem não é algo que se deva generalizar. Contem sempre comigo todos aqueles que sofreram injustiças e com graves problemas a bordo, estarei sempre aí para brigar junto, no entanto, que fique claro que a natureza deste trabalho é mesmo dura e poucos são os que suportam as agruras inerentes a ele.
Minha intenção inicial era de colocar o vídeo com a matéria aqui no blog, mas não foi possível porque a Globo não oferece essa opção lá no site deles, apenas é permitido compartilha-la nas redes sociais, sendo assim coloquei o link para ela que você pode acessar por aqui ou clicando na foto do post.
Valeu, fiquem com Deus e até a próxima.
Ah e quem quiser comentar ou mandar uma mensagem para mim, por favor, fique a vontade é sempre muito bom poder interagir.