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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Navegando Pelo Planeta Na Imensidão do 7 Mares


Muito bem gente, saudações a todos, sejam bem vindos para mais um post desse marujo de meia tigela que vos escreve.
Hoje vamos tratar de mais um pró do trabalho em navios de cruzeiro e como sempre vou falar usando como principal referência minha própria experiência, quando estive a bordo por 305 dias e da qual eu até escrevi um livro e tal (mas isso ninguém quer saber não é mesmo, afinal quem gosta de ler livros nesse país?)
Então vamos lá, direto ao que interessa. Durante este tempo em que entre uma dificuldade e outra eu ia vivendo e sobrevivendo a bordo, tocando a vida a custa de muito sangue, suor e lágrimas (tá certo, é verdade que eu nunca cheguei e chorar a bordo, mas olha que estive bem perto), uma das minhas aliadas para manter a mente sã e arejada era sempre a descida quando estávamos atracados em algum porto, de alguma cidade, de algum país por onde estivéssemos passando. E meus amigos, não foram poucos não. Para você ter uma ideia mais clara do que estou falando, durante os 305 dias a bordo, eu passei por mais de 40 cidades, em mais de 15 países em pelo menos 3 continentes.
Agora peço a gentileza que acompanhe o meu raciocínio. Veja bem, um sujeito de baixa renda que jamais teria condições de sair do seu país para viajar, conhecer Lisboa, Gênova, Barcelona, Buenos Aires, Montevidéu, Oslo, Estocolmo, ter tido a chance de, ao menos, ter uma ideia do que são países como Alemanha, Inglaterra, Itália, Portugal, Espanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Marrocos, Argentina, Uruguai entre outros, convenhamos, é algo valioso e que não é possível mensurar apenas com o argumento simplista de calcular o valor aproximado que seria necessário para rodar o mundo por estes países e por estas cidades (ainda assim o montante financeiro que seria preciso ficaria muito aquém das minhas condições por muitas gerações). Pois bem o trabalho a bordo de um navio de cruzeiros me permitiu isso, me deu esta oportunidade. Claro que tudo é muito rápido, a "toque de caixa", mas intensa e rápida é a vida a bordo, e se você parar para pensar um pouco, verá que toda esta intensidade e toda esta rapidez te obriga a ser mais focado e mais eficiente e estas características se entrarem na "massa do sangue" podem ser de grande valia para tocar a vida fora do navio, após o término do contrato.
Por outro lado, deixo aqui uma dica valiosa para os aspirantes a tripulante, aqueles que estão buscando seu primeiro contrato. NUNCA, eu disse NUNCA, vá dizer numa entrevista no processo seletivo que você quer trabalhar a bordo de um navio de cruzeiros para viajar e conhecer o mundo. Lembre-se você NÃO está indo fazer turismo e sim para trabalhar e muito, mas muito pesado mesmo, no mínimo por 10 horas, sete dias por semanas, todos os dias do mês, na verdade todos os dias, cada diazinho do seu contrato, seja ele de seis ou de nove  meses, então não tire isso da sua mente. Haverá sim, com toda a certeza, os momentos em que você terá a oportunidade de descer um pouco (ainda que as vezes seu tempo seja de apenas meia-hora) e quando esta oportunidade chegar pode ter certeza, os melhores momentos de seu contrato estarão prestes a acontecer. Será aquele momento mágico e alegre dos sorrisos nas fotos que você mostrará todo orgulhoso quando voltar (ou que compartilhará pelo facebook, cheio de saudades dos familiares, dos amigos e de todos aqueles que você deixou para trás ao decidir embarcar e conferir como é essa vida), será também o momento em que você, muito provavelmente virá as lágrimas durante uma ligação de telefone, milhas e milhas distantes de casa, ouvindo do outro lado do aparelho a voz daquele que ama (sejam seus país, seus irmãos, sua esposa(o), seu filho(a)).
Mesmo assim serão estes, sem sombras de dúvidas, os momentos que irão fazer valer a pena e acrescentar valores imensuráveis a sua experiência. Fica a dica - desça sempre e visite o maior número de lugares que você conseguir.
Uma última observação antes de me despedir. Fiquei impressionado com a repercussão e audiência que os posts sobre o lado negro que conta os casos da Bruna e da Camilla tiveram. Tem um lado muito bom isso, mas também me fez refletir se o ser humano não é mesmo mais interessado em coisas ruins do que nas coisas boas? Vai ver vem daí a explicação para o sucesso dos veículos de comunicação que tem como enfase tragédias, violência e tudo mais de ruim que acontece por aí. Também, quem sabe, esteja aí a explicação para o fracasso de vendas do meu livro, vai saber?
Mas era isso por hoje, fiquem todos com Deus e até o próximo post.


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