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sábado, 5 de outubro de 2013

Tá, Mas Dá Para Ficar Rico Trabalhando Em Navio?



Calorosa saudações rapaziada que dá sua passadinha por aqui, ainda que seja bem raro alguém dar uma interagida e deixar algum comentário, ao menos, de acordo com as informações do painel do blogger, a audiência até que está melhorando, não é nada que se diga nossa quantas visualizações, mas já foi pior.
Bom hoje eu abordarei outra vez a questão financeira, lembre-se de que mencionei que voltaria ao assunto com maior foco na questão salário, quando postei sobre o aspecto financeiro como um dos grandes prós do trabalho em navios de cruzeiro.
Naquele post eu mencionei que havia lido, visto matéria na televisão e acompanhado nas redes sociais que muita gente divulgava (e divulga ainda) que os salários a bordo não são aquilo que as companhias anunciam, havendo uma queixa generalizada que se divide em dois pontos - que os salários a bordo são baixos e de que as companhias inicialmente acenam com uma remuneração e uma vez a bordo pagam bem menos do que o valor pré acertado antes do embarque.
Então vamos lá, mais uma vez preciso fazer a ressalva e frisar bem o fato de que tudo o que eu escrevo aqui sobre este assunto tem como referência o meu primeiro contrato como tripulante, onde fiquei embarcado por 305 dias a bordo do MSC Orchestra, como assistant waiter, na temporada 2009-2010. Posso parecer meio chato lembrando isso sempre, mas faço questão disso, porque para mim é importante que vocês saibam que busco a sensatez, o equilíbrio, a sinceridade e a honestidade em relação as informações que passo. Não vejo maneira mais verídica do que essa de usar a minha própria experiência a bordo por quase um ano viajando sem voltar um dia se quer para casa nesse período, com a intenção de ajudar aqueles que buscam informações sobre este tipo de trabalho. É bem conveniente registrar também de como as informações chegam desconexas e na grande maioria das vezes de forma unilateral, de forma parcial e isto também acaba se tornando um agravante para que aqueles que desejem mais informação sobre este ramo de trabalho possam obtê-la de uma maneira mais coerente e justa. Acabei de perceber que tenho material para mais um post muito bom onde abordarei esta questão das informações e contra-informações sobre o tema.
Bem, desculpe-me aí, acabei fugindo um pouco da proposta inicial. Então retomando. Alguns amigos com quem tive o prazer de conviver a bordo com uma experiência muito maior que a minha (já no seu segundo, terceiro, quarto contrato e assim por diante), proporcionaram-me uma visão mais rica, mais ampla sobre esta questão. Já diziam eles que quando chegavam em casa após um contrato algum metido a amigo, um conhecido, na verdade, invejoso e mais maldoso, sempre vinha com a brincadeirinha do "e aí já ficou rico agora?", claro que a resposta era não. Mas a grande verdade é que uma grande parte dos tripulantes, mesmo os brasileiros (com os estrangeiros pelo levantamento que fiz através de conversas com vários deles a coisa é ainda mais tangível, mas aí entram em cena outros fatores como a economia do país daquele tripulante, a conversão da moeda, o foco na suas finanças pessoais, etc), após o segundo contrato costumavam ter uma significativa melhora no seu padrão e consequentemente na sua qualidade de vida. Alguém já brincou usando a afirmação de que o dinheiro não compra a felicidade, mas que ele manda alguém comprar. Ainda que eu não concorde com este dito, não posso negar que ter uma melhor renda permite muitas coisas que não se tem com uma menor e que isso direta ou indiretamente contribui para que nos sentimos melhor, mais alegres, mais felizes.
Sendo assim galera, de forma resumida (é mesmo impossível abordar e esmiuçar este tema inteiro em apenas um post e tendo como referência apenas a minha experiência), posso dizer o seguinte. Os salários maiores a bordo (falando obviamente na plebe rude, camada social a qual pertenço e pertencia a bordo), são também daqueles que tem as funções que mais ralam a bordo e estão concentrados nas áreas de restaurante e hotelaria. Os tops são os garçons e os camareiros. Há funções intermediárias e iniciais nestas duas áreas e aqueles que a exercem tem um salário muito menor. Neste primeiro contrato meu salário como assistente de garçom, lá na MSC, era de U$$ 1.200,00, porém uma informação mega preciosa que você precisa saber é que esta companhia costuma reter boa parte do seu salário nos três primeiros meses. A alegação para isso é que se caso você resolver desistir e quebrar seu contrato, este fundo de reserva será usado para custear sua passagem de volta para casa. Caso isso não aconteça e você cumpra o seu contrato até o final (ou até mesmo o exceda em tempo, como foi o meu caso), o custo integral das passagens até o aeroporto mais próximo de sua cidade (que você mesmo informará quando chegar a hora) ficará por conta da companhia e aquele fundo lhe é pago nos meses subsequentes. Sendo assim, na prática, naquela ocasião eu nunca recebi no mês os U$$ 1.200,00. No inicio do contrato recebi menos e depois do terceiro mês costumava receber um pouco mais. Outra variante que entra na questão salário é a taxa de ocupação do navio. Uma vez que as tips (que fazem parte do seu salário, no caso do pessoal do restaurante) estão inclusas no preço do pacote que o passageiro compra. Outro porém que deve ser levado em conta são as tips que você recebe diretamente dos passageiros (normalmente na ultima noite de cada cruzeiro). Este valor costuma fazer uma diferença positiva, mas sofre de uma inconstância muito grande de cruzeiro para cruzeiro  devido a diversos fatores que não vou abordar aqui agora, até mesmo porque este post já está muito longo e a galera não curti isso.
Bem gente, termino este post concluindo de que acabarei retornando ao tema e o farei em outra ocasião, não necessariamente na sequência imediata, uma vez que existem outros assuntos a serem tratados e outros que não podem ser esquecidos.
Muito obrigado a todos pela atenção e pela visita, um ótimo findi e fiquem com Deus, fui!!

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